Jejum Intermitente Eficaz e Seguro – Guia Definitivo – Parte 1

Jejum Intermitente

Aprenda de forma definitiva a como iniciar a fazer jejum intermitente de maneira eficaz e segura

Antes de mais nada vamos definir o que é jejum. De acordo com o dicionário, jejum é a privação parcial ou total de alimentos, por um certo período de tempo. Já o jejum intermitente é um padrão de alimentação que cicla entre períodos de jejum e de alimentação. É sobre esses ciclos que vamos tratar.

A prática de jejuar não é novidade. Há milhares de anos as religiões utilizam e difundem esse conceito por diferentes motivos, que são particulares para cada uma delas, como por exemplo uma reflexão à necessidade de consumir (no budismo), uma reorientação radical da vida ou mesmo forma de penitência interior (no catolicismo – há vários relatos dessa prática na bíblia), eliminação de hábitos que tenham se tornado “indispensáveis” ou forma de entrega divina (no evangelismo)1 ou mesmo o conhecido período Ramadã (muçulmano) onde o jejum tanto marca a simbólica entrada na vida adulta, como é uma prática de disciplina e da doutrina, tanto espiritual como moral2.

Atualmente, entretanto, o jejum intermitente tem recebido adeptos por motivos não relacionados a religião. Muito tem se falado sobre os benefícios para saúde e longevidade, assegurados por diversos estudos científicos3, que são possíveis alcançarmos através da prática de protocolos de jejum intermitente no nosso dia a dia, e isso tem despertado cada vez mais interesse de boa parte das pessoas, que naturalmente têm o desejo de viver mais e melhor.

Esses muitos estudos sugerem que práticas seguras de períodos em jejum trazem3 (e eu mesmo obtive muitas delas na minha experiência pessoal):

1) Redução de peso;
2) Queima de gordura corporal;
3) Redução na resistência à insulina (diminuindo o risco de diabetes tipo 2);

Esses 3 motivos são hoje os principais pelos quais a maiorias das pessoas inicialmente se interessa pelo tema, mas a prática também traz muitos outros benefícios ainda mais profundos e tanto ou mais importantes para a saúde como:

4) Reparação e regeneração celular (retardando o envelhecimento) – mudanças na função de genes e moléculas ligadas a longevidade;
5) Proteção contra doenças;
6) Aumento na produção de hormônio do crescimento;
7) Redução de estresse oxidativo e inflamações no corpo (que também freiam o envelhecimento);
8) Melhoria na saúde do coração;
9) Ajuda na prevenção do câncer e no incremento da efetividade do tratamento de quimioterapia;
10) Melhoria na atividade cerebral;
11) Prevenção de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson, entre outros benefícios3c e 3d.

* Alguns dos processos que levam a esses benefícios serão melhor explicados ao longo do texto.

Além disso, o jejum traz outros benefícios secundários como a diminuição da obsessão por alimento, fazer sobrar mais tempo, economizar dinheiro, dentre outros, que tratarei ao final do artigo também.

Agora que sabemos ser assim tão bom, desejamos então adotar essa prática em nossa rotina e começar imediatamente a colher todos esses maravilhosos benefícios, certo? Ainda assim, iniciar a prática parece muito difícil para muitas pessoas. Vamos entender o porquê e como superar essa dificuldade.

A pessoa média foi acostumada, ao longo de anos, a comer várias vezes por dia uma alimentação baseada em açúcares e carboidratos, que causam grande desejo do nosso cérebro, desenvolvendo assim desejo pela alimentação. Então, ao comer e saciá-lo, recebe momentos de forte prazer. Além disso, também se acostumou a usar as refeições como oportunidade de relações sociais. Diante disso, pensar em fazer períodos de jejum intermitente de fato parece algo muito sacrificante, que trará fome, sofrimento e isolamento, desanimando a entrada no processo, mesmo tendo do outro lado todos os benefícios citados.

Mas não precisa ser assim. Essa imagem de sofrimento não é verdadeira se feita a transição da maneira correta. Sim, é uma quebra de paradigma, mas é essa transição e processo que vamos facilitar agora, fazendo com que qualquer pessoa possa colher apenas as partes boas desse processo.

Nota importante: jejum intermitente não é para todos. Se você está muito abaixo do seu peso ou possui histórico de distúrbios alimentares, você não deveria jejuar sem consultar um profissional de saúde (especializado nesse assunto) primeiro.

Para quem mais os estudos não comprovam benefícios e, portanto, não é recomendado:

  • Mulheres grávidas ou amamentando;
  • Crianças e adolescentes (menores de 18 anos);
  • Pessoas subnutridas ou desnutridas;
  • Pessoas com histórico de anemia;
  • Pessoas com histórico de desmaio;
  • Pessoas com Diabetes tipo 1 (as com tipo 2, apenas não é recomendado caso o quadro esteja avançado o suficiente para estar usando insulina).

Objetivos individuais e características de somatotipo pessoais também devem ser levadas em conta antes de tomar a decisão pela prática do jejum intermitente.

Mas o artigo trata de benefícios para a saúde em geral, aplicável a quase todas as outras pessoas, independentemente de seus objetivos. Assim, vamos às dicas de como fazer a transição de forma suave:

            Dica 1: Ajustar seus macronutrientes

Macronutrientes

Os macronutrientes são 3: carboidratos, proteínas e gorduras.

O primeiro passo para quem quer conseguir fazer jejum intermitente sem sofrer é fazer um importante ajuste na alimentação: a troca dos macronutrientes. Falarei sobre isso em mais detalhes a seguir, mas a maioria das pessoas sente fome e dificuldade ao querer implementar o jejum pois simplesmente “vira a chave” de uma hora para outra, sem nenhum ajuste. Segue se alimentando das coisas que sempre comeu e de repente para de comer. Se fizer assim vai sentir fome mesmo, e vai ser sofrido.

Na nossa dieta ocidental moderna é muito comum termos uma grande parte das calorias diárias da nossa alimentação vindas da ingestão de carboidratos, doces, farináceos refinados, etc. Esses alimentos são fontes de energia para nosso corpo, mas são fontes “pobres”, que geram energia limitada, por pouco tempo, e por isso sentimos fome (e recebemos eventualmente a orientação) de comer de 3 em 3 horas, para repor essas energias e ter constante sensação de saciedade. Porém, isso nos coloca nesse ciclo vicioso (literalmente um vício, pois nosso cérebro fica viciado em açúcar, e o carboidrato também é metabolizado em açúcar no nosso organismo, e esse constante combustível de má qualidade traz diversos malefícios para nossa saúde, mas isso é tema para outro artigo), de comer constantemente e sentir fraqueza, queda de pressão, “moleza”, preguiça, cansaço, falta de energia e etc, se não nos alimentarmos com a alta frequência de sempre. Sabemos que quando demoramos um pouco mais para nos alimentar novamente essas sensações desencadeiam novamente, então pensar em fazer jejum de várias horas soa muito distante da realidade, lembramos o quão ruim é ficar sem comer, e já pensamos coisas como “eu não consigo”, “eu passo mal”, “já tentei e não é para mim”, e etc.

Entretanto, ao passar a ingerir mais proteínas (na dose adequada) e especialmente mais gorduras de boa qualidade (seja de origem vegetal como do óleo de côco, do azeite de oliva, das castanhas, do abacate e etc, ou de origem animal como manteiga, ovos, gorduras de peixes, carnes, frango, queijos gordos, etc) automaticamente sentiremos uma saciedade muito maior e mais prolongada, fazendo com que sintamos necessidade de realimentação menos vezes por dia, naturalmente ficando mais próximos do tempo de jejum que queremos atingir, sem sofrimento.

Nota importante: óleos de origem vegetal como o de canola, girassol, milho, soja, algodão e a margarina, mesmo que muitas vezes vendidos como saudáveis, são péssimas fontes de gordura e atuam contra tudo que estamos falando. As gorduras vegetais boas são as citadas no parágrafo anterior.

Importante atentar que, no início, por poucos dias num período de transição, o corpo ainda estará acostumado e “viciado” na ingestão do açúcar que você teve por tantos anos, e será super normal que, mesmo substituindo os macronutrientes nas mesmas quantidades que você comia antes ou até aumentando um pouco a quantidade de comida (mas agora com as coisas certas), o corpo ainda envie sinais de desejo, que muitas vezes podemos confundir com fome, ou leves dores de cabeça e sensação de fraqueza, mas não passa de uma adaptação que o corpo que está passando. Ao mudar sua alimentação por uma mais saudável, com macronutrientes corretos, sem a ingestão dos carboidratos, doces, farináceos e alimentos industrializados, seu corpo iniciará uma desintoxicação e, nesse processo, liberará toxinas na corrente sanguínea que podem trazer essas sensações ruins. É nesse momento que muita gente desiste, achando que está passando justamente pelos problemas de fome, fraqueza e dor de cabeça que não queria. Note que isso é super comum, mas é temporário, você superará isso em pouquíssimo tempo (considere que você ficou sua vida inteira comendo errado, e está corrigindo agora. Se você tem por exemplo 30 anos de idade e seu corpo levar 3 dias apenas para se ajustar, foi super rápido, certo?), e após esse tempo perceberá claramente um ganho incrível na sua energia, na sua disposição e passará a sentir a saciedade prolongada que a gordura e a proteína trazem.

Obs.: incluir alguns vegetais e alimentos ricos em fibra também ajudam muito no efeito de saciedade prolongada, que será importante pra lhe manter em jejum por mais tempo sem a sensação de fome.

Esses macronutrientes são fontes de energia de qualidade, mais fortes, que trazem o melhor desempenho para nosso corpo e suas funções. A recomendação é de que cerca de 75% das nossas calorias diárias sejam provenientes das fontes boas de gordura, 20% das fontes de proteína e apenas 5% dos carboidratos (e destes, idealmente, os de baixo índice glicêmico, como os integrais ou alimentos como batata doce, ou melhor ainda, vindo apenas dos alimentos que possuem já naturalmente pequenas doses de carboidratos em sua composição como cebolas e tomates).

Essa é a chamada alimentação low carb (baixa em carboidratos) e high fat (alta em gorduras) ou cetogênica, que diferencia-se da low carb ao observar os dois itens, e não apenas o primeiro, como é o caso da low carb.

Se você quer adotar períodos mais longos sem ingestão de alimentos, e ao se alimentar dessa forma já terá saciedade prolongada garantida, já foi um grande primeiro passo, não é mesmo? O período desejado já começa a não ser tão distante ou dificultoso como parecia inicialmente. Então essa é a 1ª dica!

            Dica 2: Inicie com períodos mais curtos (protocolo 12/12)

Relógio

Atenção: se você já não tem o costume de tomar café da manhã, leia apenas a nota importante dessa dica e pule para a dica 3.

Considerando que um adulto médio dorme cerca de aproximadamente 8 horas por dia, esse é um período que naturalmente todos nós já fazemos de jejum. Um jejum seco, completo, sem ingestão de absolutamente nada. Então já iniciamos bem, já estamos num protocolo 8/16 (8h horas em jejum, para 16h em janela de alimentação).

Para não sentir mudanças drásticas, o indicado é começarmos a migrar para um protocolo 12/12, onde o período sem ingestão de alimentos passará a ser de 12h. Então se você por exemplo jantou às 20h, sua próxima refeição seria o café da manhã às 8h da manhã do dia seguinte. Considerando novamente que dessas 12 horas, 8 você estará dormindo, você precisa ficar apenas outras 4 horas sem comer. E considerando que se você aplicou a dica número 1 agora você está se alimentando dos macronutrientes acima que facilmente geram saciedade por esse tempo, será uma tarefa tranquila.

Faça por alguns dias para ir acostumando seu corpo.

Nota importante: água, chás e cafés sem adição de açúcar são permitidos nessas janelas de jejum e não quebram o protocolo, então caso sinta necessidade, utilize essas bebidas nessas 4h para aumentar a saciedade e tornar ainda mais suave o processo.

            Dica 3: Vá aumentando progressivamente (protocolo 16/8: já chegamos em 2 refeições/dia)

Jejum Intermitente

Agora que você já está acostumado a esse período, comece a aumentar os períodos de jejum gradativamente. O próximo passo natural é ir pro protocolo de jejum intermitente mais famoso e recomendado, o 16/8 (16 horas em jejum e janela alimentar de 8 horas). Neste, normalmente recomenda-se fazer sua última alimentação do dia por volta das 20h e a próxima apenas no almoço do dia seguinte, as 12h. Esse período já dará as 16h em jejum, tendo “pulado” apenas o café da manhã e ficando com apenas 2 refeições por dia: almoço e jantar (importante não fazer lanches entre as refeições, eles elevam o nível de insulina e representam ingesta calórica que, nesta fase, quanto menos melhor. Lembre-se que os macronutrientes corretos vão te saciar nesse período, e não serão necessários os lanches). Basicamente você janta e se sacia até dormir. Aí dorme suas 8 horas. Aí acorda e pode tomar café/chá sem açúcar a vontade, água em todo o período a vontade também, então você deve facilmente chegar na hora do almoço sem sofrimento.

Algumas pessoas têm mais facilidade e menos fome no período, ou já não possuem o hábito de comer pela manhã de qualquer forma, e já iniciam direto por esse protocolo de 16/8, por ser mais natural para elas.

Se você é do tipo que sente mais fome e tem menos costume, lembre-se que você terá vindo primeiro do protocolo 12/12 e já estará mais acostumado, e está com uma nova alimentação embasada em melhor balanço de macronutrientes que suportará com saciedade esses novos períodos.

Ainda assim, pode ser que uma sensação de necessidade de alimento (fome) surja nos primeiros dias. Aqui, assim como falamos na virada de chave da troca de macronutrientes, isso será super normal. Você tem uma vida de costume de comer toda hora, e muitas vezes seu corpo não tem real necessidade de comida ou fome, mas tem desejo, e nosso corpo tende a traduzir esse desejo em sinal físico semelhante a fome, nos incentivando a comer. Não se deixe levar por esse sinal. Supere. É seu corpo se ajustando.

De novo, pode parecer um sacrifício desestimulante, mas serão novamente poucos dias de transição até deixar de receber esses sinais. Lembre-se que ao final do túnel estão todos os benefícios citados no início do artigo. O que você está buscando e atingirá é mais energia e desempenho geral no presente, e um estado vital longevo no longo prazo. A vida nos reserva as melhores coisas sempre atrás de uma barreira de esforço. E esse certamente é um esforço muito pequeno, de poucos momentos por poucos dias, para alcançar benefícios tão positivos para todo o resto da vida (que com essas técnicas agora deverá ser ainda maior, e com mais qualidade).

Outro sinal muito comum de confundirmos é o da sede com o da fome. Às vezes o corpo precisa de líquidos e temos uma sensação de fome, mas que ao tomar um ou dois copos d’água ou mesmo o café e o chá, automaticamente aquela sensação passa. Fique atento para isso.

O protocolo de 16/8 já é um grande avanço em relação ao padrão médio da maioria das pessoas e já começa a apresentar uma parte importante dos benefícios para a saúde. A ciência médica acredita que qualquer coisa a partir de 8 horas já inicia algum resultado, mas é a partir de 12h que realmente iniciam-se processos de melhoria, mas ainda em estado muito leve, a partir de 14h um pouco mais, a partir de 16h ainda mais, e assim sucessivamente. Mas é a partir das 16h que realmente cada hora adicional traz benefícios exponenciais.

Em jejuns de 16h já é possível notar aumento de hormônio do crescimento (GH), de lipase hormônio sensível (queima de gordura), maior produção de adrenalina, de testosterona, aumenta a sensibilidade à insulina e à leptina (esta trazendo mais saciedade), redução no tamanho das células, estímulo de produção de células-tronco, aumento da massa de mitocôndrias no corpo (e consequentemente maior produção de energia), entre outros.

Jejum de 16 horas já é um tempo seguro de se fazer todos os dias para a maioria das pessoas, e que atinge esses bons resultados, mas ainda insuficiente se pensarmos no potencial que conseguimos atingir. Isso porque é a partir de 16h que é considerado que começa de fato a maior parte de um processo chamado de autofagia, onde o corpo começa a autodestruir suas células mais deficitárias e problemáticas, digerindo seu próprio conteúdo, ou seja, o corpo passa a alimentar-se de si mesmo, digerindo componentes danificados, fazendo uma limpeza e reciclagem geral do sistema. Antes disso nós já sentimos melhoras externas de pele, unhas, ou até internas de energia, disposição, foco, melhor sono, etc., mas é a partir daí que começam os benefícios profundos de longevidade, cura de doenças, saúde de órgãos e etc.

Sobre esse processo mais avançado, trataremos na próxima dica.

Dica 4: manter 2 refeições por dia, mas agora em outro horário de janela alimentar (protocolo 20/4)

Protocolos de Jejum Intermitente

Aqui já começam os protocolos um pouco mais avançados.

Nesse, continuamos nos alimentando 2 vezes por dia, mas dessa vez ao invés de “pular” o café da manhã ficando com almoço e jantar, vamos “pular” o jantar, ficando com café da amanhã e almoço como nossas duas refeições do dia. Assim, nossa janela alimentar fica menor (com as refeições mais próximas uma da outra) e o período em restrição calórica consequentemente maior.

Imaginando que tomamos café às 8h e almoçamos às 12h, nossa janela alimentar será de 4 horas e a de jejum intermitente será de 20 horas (do almoço de um dia ao café da manhã do dia seguinte). Por isso protocolo 20/4 (sempre aproximado, dado que 12h é o início da última alimentação, não o final. Se conseguir que seja o final, ainda melhor).

Além desse modelo aumentar a janela, existem evidências de que alimentar-se de manhã e durante o dia é melhor pro corpo do que alimentar-se à noite. Além disso, no período da manhã é quando nosso corpo está mais “ávido” por alimentos e absorvendo a maior parte dos nutrientes, então um excelente momento para se alimentar.

No protocolo anterior (16/8) pulávamos o café da manhã e mantínhamos o jantar porque esse é o padrão alimentar que estamos acostumados (de comer a noite) e assim facilitamos a transição,  deixando o jejum como apenas uma extensão do período que já dormimos de qualquer forma, aproveitando essas horas para sentir menos a “virada da chave”, sendo assim um protocolo transitório para este agora (20/4), que é ainda mais saudável e proveitoso, quando nos alimentamos apenas no período diurno.

Além disso, no período diurno estamos com nível de hormônios elevado e ativando uma via metabólica chamada de MTOR, que gera nosso anabolismo, e a alimentação é sempre anabólica, ativando a mesma via. Quando estamos em jejum ativamos a AMPK, que freia nosso anabolismo e traz todos os benefícios do jejum. Como o ideal é termos ambas as vias ativas em seus devidos momentos, ciclando entre elas, concentrar os esforços que ativam cada uma delas ao mesmo tempo é o ideal. Essas vias metabólicas, suas ativações e benefícios também são assunto para outro artigo.

Nota importante: Nos protocolos acima de 16h, apesar de se poder fazer todos os dias, o ideal é que se façam em dias alternados. Um dos grandes benefícios do jejum intermitente é o estresse que gera ao corpo (hormese – corpo reage evolutivamente ao sofrer estresse) e o “choque” que gera entre as janelas de alimentação e não alimentação. Como nos protocolos menores a janela de alimentação é grande, você acaba comendo calorias o suficiente para gerar o choque – muita caloria (janela alimentar) x pouca caloria (janela de jejum intermitente) – todos os dias. Mas quando restringimos a janela alimentar a ingestão total tende a diminuir também, e consequentemente você fica quase que o tempo todo em baixo nível calórico, gerando mais estabilidade e menos choque, por isso é bom alternar os dias em que se faz o jejum de 20 ou mais horas com dias de ingestão normal, para gerar o choque quando retorna novamente ao jejum 2 dias depois.

Dica 5: 1 refeição por dia (protocolo de jejum de 24h)

Uma refeição por dia. Protocolo OMAD - One Meal a Day (Jejum de 24h)

O próximo passo natural da nossa escalada rumo aos jejuns prolongados de maiores benefícios para a saúde é reduzir mais uma refeição, deixando agora apenas uma no dia (o famoso One Meal a Day ou OMAD na sigla em inglês, que significa “uma refeição por dia”).

Esse protocolo está cada vez mais em uso e ele é bem claro: você escolhe apenas uma refeição (idealmente alguma das do período diurno, pelos motivos explicados anteriormente) e faz apenas ela: apenas toma café da manhã todos os dias, ou apenas almoça, indo comer apenas na mesma refeição do dia seguinte.

Se você fez todo o processo, ao chegar aqui você já come melhor por padrão, tendo mais saciedade, seu corpo já está acostumado aos períodos de restrição de ingesta de alimentos dos protocolos anteriores e provavelmente já está ceto-adaptado (a cetose e sua adaptação é também assunto para outro artigo), o que significa que já está produzindo corpos cetônicos como decorrência de quebrar sua própria gordura corporal para usar como energia, não precisando mais da energia dos alimentos (especialmente dos carboidratos) que consome, te gerando saciedade ao longo de todo esse período de não-ingesta e maior desempenho físico e cerebral, afinal essa fonte de energia é a preferida de nosso corpo.

Ficando 24h em jejum você já está há pelo menos 8 horas em processo de autofagia e está, portanto, colhendo muito mais benefícios para sua saúde e longevidade.

Esse protocolo, se feito corretamente, seguindo todos os passos anteriores de preparação do corpo e transição, de alimentos corretos, e etc., é bem seguro também, sempre tendo a ingesta de alimentos 1 vez por dia todos os dias.

A partir daqui, para jejuns maiores do que 24h, já consideramos como jejuns prolongados, e para jejuns prolongados, alguns cuidados especiais precisam ser tomados.

Dica 6: Jejum prolongado. Ingerir os principais eletrólitos vitais

Jejum de 72 horas

Continuar os protocolos e evoluir para um jejum ainda mais prolongado é sim benéfico, trará ainda mais resultados para o corpo e a saúde, mas alguns cuidados precisam começar a ser tomados.

Primeiro, esses jejuns maiores não devem ser frequentes. Até aqui estávamos falando de protocolos que podiam fácil e seguramente ser usados todos os dias, por períodos continuados. Agora já é importante ressaltar que jejuns prolongados também geram estresse em nosso corpo e não devem ser repetidos sequencialmente. Fazer jejuns prolongados de vez em quando é importante e saudável, trará maiores benefícios do que não fazer, mas devem ser eventuais. Mas quanto é um prolongado? Fazer um jejum de 48 a 72 horas (por exemplo). E quanto é de vez em quando? A cada 3 meses (por exemplo) de preferência usando as trocas de estação do ano como um bom momento para aplicá-los. Esse seria um clico/frequência satisfatório/a.

Outro cuidado importante é o de que, como você não está praticando um jejum seco (onde realmente você corta a ingestão de absolutamente tudo, mesmo água, sendo esse um ainda mais avançado e que requer muitos outros cuidados, preparação e acompanhamento), ao tomar água, chás e cafés você continuará indo ao banheiro eliminar os líquidos, e junto com os líquidos o corpo eliminará também sais essenciais para sua vitalidade, os chamados eletrólitos, que são os minerais responsáveis pelo transporte da água para dentro das nossas células e também pelos impulsos elétricos do nosso corpo (por isso o nome eletrólitos) que por sua vez geram os movimentos musculares, o funcionamento de órgãos vitais, uma hidratação eficiente, entre outros, por isso é muito importante, ao praticar jejum prolongado, que reponhamos esses sais. São eles, principalmente: sódio, potássio, cálcio, fosfato e magnésio.

Eu utilizo um tipo de soro que faço em casa com 1 litro de água e doses de sódio, potássio e magnésio, repetindo-o mais de uma vez ao longo do dia, para suportar os períodos em que faço jejuns de mais de 24h.

Em processos de jejuns prolongados nosso corpo acaba entrando em níveis ainda mais altos de cetose, atingindo o patamar de cetose terapêutica, que possui esse nome justamente pelos efeitos em cura de doenças e regeneração celular e genética, aprofundando o processo de autofagia.

Assim atingimos o final do processo consciente de como praticar um jejum intermitente eficaz, seguro, que trará os melhores benefícios da sua saúde, de maneira programada, crescente e natural.

Além do jejum amplamente coberto por esse artigo e da alimentação low carb ou cetogênica levemente citadas nesse artigo (mas que também são complementares ao tema, e certamente tema para outro artigo), vários outros mecanismos andam de mão dada com estes na busca por uma vida mais longa e saudável. Esses mecanismos são chamados de “biohacks”, coisas que fazemos para ajustar nossa biologia a um estado mais próximo dos nossos ancestrais (e do que fomos como espécie por milhares de anos até aqui e formaram o que somos hoje). Alguns exemplos de biohacking são o controle da nossa exposição ao ambiente (luz infravermelha de dia, bloquear luz azul à noite, exposição a temperaturas extremas, seja ao frio (criogenia) ou ao calor (termogenia), controle de ruídos auditivos e etc), melhoria do sono (um dos fatores mais importantes para a saúde, regeneração e longevidade, e super alinhado ao tema do jejum, sendo tão ou mais importante), suplementação, uso de substâncias específicas para foco mental por exemplo, cuidados com o tato, o paladar, etc. Biohacking e seus benefícios também é tema para artigos futuros.

Benefícios adicionais, além dos da saúde, que o jejum trará para você:

Jejum Intermitente

Por fim, é importante mencionar alguns benefícios adicionais, além dos da saúde, que o hábito do jejum trará para você:

– Livrar-se da obsessão por alimento: notaremos que a comida é apenas um combustível a ser usado quando precisamos, e não deve ser uma coisa a sermos dependentes a todo momento. Comer por prazer é gostoso, mas quando vira obsessão fica mais perto de uma doença do que um prazer. Nosso cérebro vicia em açúcar e comida da mesma forma como vicia em drogas, tendo constante desejo por estes (e estes podem ter o mesmo efeito danoso). Praticar o jejum intermitente vai acabar com o desejo obsessivo.4 Com o tempo você vai notar que terá a sensação de que nem gostava tanto assim de muitas das coisas que estava acostumado a comer e achar que adorava (como doces), que nem são mais tão bons assim, e que nem fazem falta. E ao não serem tão bons, não deseja tanto, come menos, e o ciclo vicioso se inverte, mas dessa vez no caminho saudável.

– Ter mais tempo: naturalmente, se você não tem que parar tanto para comer, você vai reduzir seu tempo gasto em compras, preparo (cozinhar), o tempo da alimentação em si, o tempo e o trabalho de lavar a louça que suja no preparo e consumo, etc.

– Produtividade: se você ganha tempo e passa a ter mais energia com essa alimentação, você pode usar esse tempo para produzir mais: trabalhar mais, estudar mais, crescer como pessoa, gera mais valor para a sociedade em que está inserido.

– Economia de dinheiro: você reduz seus gastos com supermercado, com saídas a restaurantes, com lanches ao longo do dia em cafeterias, com “porcarias” aqui e ali, etc.

– Super-Sapiens: se nessa alimentação você está com mais energia, trabalha mais, dorme melhor, faz mais exercício, tem um melhor sono, tem um melhor sexo, tem uma melhor relação social, você atingiu alta performance e desempenho, e se tornou um super-humano!

Parabéns por se interessar pelo tema, você está no caminho de uma vida melhor. Saiba mais sobre todos esses assuntos no maior portal brasileiro de saúde, longevidade e biohacking: o Super Sapiens.

Leia a parte 2 sobre Jejum Intermitente Eficaz e Seguro aqui:

Aviso legal: Esse texto tem como único propósito a informação geral. Ele não constitui ou substitui conselho médico. Por favor consulte-se com seu médico ou profissional registrado na área antes de fazer qualquer alteração na sua dieta.

Referências bibliográficas iniciais

1 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Jejum

2 – https://pt.wikipedia.org/wiki/Ramad%C3%A3o

3:

3a. https://medium.com/infinite-mindspace/top-five-evidence-backed-benefits-of-intermittent-fasting-f827fdb7ee54

3b. https://www.health.harvard.edu/blog/intermittent-fasting-surprising-update-2018062914156

3c. https://www.healthline.com/nutrition/10-health-benefits-of-intermittent-fasting#section1

3d. https://www.healthline.com/nutrition/fasting-benefits#section1

4 – https://medium.com/better-humans/a-surprising-thing-happened-when-i-stopped-eating-for-3-days-ee1fe8b426cf